Crítica | O Cavaleiro Solitário

O Cavaleiro Solitário está aí pra quem quiser ver. Depois de passar mal pelas bilheterias e ser para muitos a real decadência de Johnny Depp, o maior erro do filme é tenat seguir a cartilha de outros. E Depp não ajuda.

O Cavaleiro Solitário está longe de ser um filme ruim. O maior problema que se pode apontar no filme, no entanto, é sua necessidade da modernização de um estilo que já é icônico por si só. Sai a clássica ambientação e o tom correto de Bravura Indômita e entra o velho oeste que tenta convencer que é interessante a qualquer custo, como em As Loucas Aventuras de James West e Jonah Hex, dois fracassos.

É uma pena, já que o universo do velho oeste americano já rendeu centenas de filmes excelentes e tem um potencial inegável (vide Django Livre). Mas a modernização é uma boa proposta. Tentar fazer um faroeste spaghetti nos dias atuais não vai atrair o grande público. Mas não é preciso descaracterizar o estilo.

Johnny Depp tem seu nome colocado no material de divulgação antes do de Armie Hammer, que interpreta o personagem título, por motivos óbvios. Se um bom faroeste não se vende, certamente o nome de Johnny Depp é garantia de ingresso. O problema é que Depp está se tornando aos poucos um ator preguiçoso, caso que tem se tornado comum em Hollywood, com atores que escolhem um modelo de papel e o interpretam da mesma forma a partir de determinada parte da carreira.

O Tonto de Depp é um Jack Sparrow nativo americano. E só. Não há nada de complexo no personagem, que é bidimensional e muitas vezes fracassa em arrancar risadas da platéia com o já desgastado estilo do "independente sarcástico metido a engraçadinho" que está em 1 a cada 3 filmes que são lançados na última década.

Armie Hammer é um tanto canastra, mas isso não atrapalha o desenvolvimento do seu Cavaleiro Solitário, que já é ofuscado por Depp no filme. Nem tanto pelo talento, e sim por um roteiro e uma direção que favorecem muito mais o principal nome do elenco do que aquele que devia ser o personagem principal da película.

O resto do elenco, encabeçado por Helena Bonham Carter e Tom Wilkinson está todo ligado no piloto automático, sem demonstrar prazer em suas atuações. Um monte de personagens parecidos com vários que você já viu em outros filmes. E, no fim das contas, não parece ser proposital.

Tudo amarrado por um roteiro esforçado mas sem nenhum carisma, que nos tenta convencer a todo custo de que o faroeste é bom, o que não tem grande efeito quando você percebe que todo o filme tenta se apoiar nas costas de Johnny Depp para conseguir se pagar nos cinemas.

O Cavaleiro Solitário é esforçado, e rende um filme bem mediano. Não é nem de longe um filme ruim, mas também não fica muito bom nem quando você olha muito de perto. Um filme cheio de potencial, mas que é desperdiçado ao tentar se tornar um novo piratas do caribe, com uma direção preguiçosa e atores desmotivados. O Cavaleiro Solitário merece uma chance, mas na próxima, seria legal se lembrassem que o personagem principal é o que está no título do filme.