Crítica | Paranorman

As animações em CG e stop-motion têm se tornado uma grande esperança no mercado cinematográfico. Filmes como Toy Story e Shrek entraram para a história do cinema. Paranorman não chega a tanto, mas também não decepciona.

A sinopse: Norman Babcock (Kodi Smit-McPhee) é um garoto que consegue ver e falar com os mortos. Entretanto, o único que acredita em suas habilidades é Neil, um amigo excêntrico. Um dia, o tio de Norman conta sobre um importante ritual anual realizado na cidade, com o objetivo de protegê-la de uma maldição jogada por uma bruxa séculos atrás. Norman resolve ajudar no ritual, mas as coisas não saem como planejado e uma nuvem mágica faz com que os mortos se levantem das tumbas da cidade.

Paranorman está longe de ser um filme infantil. Apesar de ser uma animação em stop-motion, o filme em nenhum momento define os pequeninos como seu público-alvo. Muito pelo contrário. Como nos filmes dos anos 80, aqui está um exemplar de filme infanto-juvenil com tiradas de humor adulto e com um tom soturno não muito recomendado para as crianças.

E isso é ruim? Claro que não! Podemos comparar sem peso na consciência Paranorman com outro exemplar que segue os mesmos passos: Frankenweenie. A animação dirigida por Tim Burton para a Disney usa o mesmo tom soturno de Paranorman para encantar jovens e adultos. Se o tom soturno incomoda os pais, não se preocupem: é justamente esse tom que rende ótimas piadas, que podem deixar os pimpolhos boiando mas arrancam boas risadas dos grandinhos.

Como citado acima, esse tipo de humor era recorrente nos anos 80, em produções como A Hora do Espanto e Garotos Perdidos. Mas não é só de homenagens e saudosismo que vive Paranorman. A modernidade impressa na qualidade da animação impressiona. Se em alguns momentos a lentidão do stop-motion é necessária, em outros impressiona a movimentação quase natural dos personagens.

Para prosseguir, vamos como é de costume salientar alguns pontos positivos e negativos:

- Pontos Positivos:

Os personagens - Todos igualmente carismáticos e cada um com uma identidade visual própria e muito interessante. O clichê do melhor amigo gordinho nunca foi tão bem explorado e tanto os humanos quanto os zumbis têm ótimas momentos em tela e gags geniais.

O roteiro - Cheio de boas piadas e referências. Tem uma fluidez de poucos roteiros dedicados ao público infanto-juvenil, e tira boas risadas de pessoas de todas as idades. Sabe ser engraçado e emocionante quando precisa e deixa uma linda mensagem no final sobre as diferenças.

O visual - É incrível. A mistura do stop-motion com o CG tem um resultado fantástico, e toda a cidade parece estar viva. Um visual que torna os personagens de massinha tão críveis que parecem estar respirando, andando e praticando as ações que o roteiro dita.

Dublagem - Falem o que for sobre dublagem, mas nunca me convencerão que a nossa não é a melhor do mundo. Cada uma das vozes é perfeitamente encaixada nos personagens, e as interpretações dão um banho na versão original

- Pontos Negativos:

A duração - É curto como a maioria das animações. Mas por ser uma história bem amarrada e fechada, não deixa um gosto de quero mais, e sim uma decepção por ter se visto tão pouco de um mundo tão interessante.

Vícios de roteiro - O roteiro tem poucos furos perceptíveis, mas os assim chamados "vícios" estão ali. Os clichês foram bem explorados, mas a necessidade de um crescimento do personagem principal torna algumas partes do filme arrastadas.

Paranorman é um filme ótimo. Tem alguns pecados como qualquer filme, e alguns mais recorrentes aos filmes do gênero, mas isso não impede em nenhum momento que seja um entretenimento ótimo. 

Reúna a família, coloque uma pipoca pra estourar e assista Paranorman. Você não vai se arrepender nem um pouco. Paranorman é para todas as idades, mas demonstra um carinho especial por nós, que crescemos, mas ainda morremos de rir com Buzz Lightyear, Burro, Gromit e companhia.