Crítica | O Soldado Invernal (HQ)

A nova aventura do Capitão América chegou com sucesso aos cinemas pelo mundo. Mas, não podemos nos esquecer, é claro, da HQ que inspirou o filme e trouxe ao mundo um dos mais "frios" (que piada péssima) vilões dos quadrinhos.

Sinopse: As perguntas que perturbam os sonhos e as lembranças do Capitão América foram respondidas da maneira mais brutal possível. Como se não bastasse, no auge dos conflitos que assolam o bravo herói, o diabólico general Lukin faz seu primeiro assalto...rasgando feridas antigas e ameaçando abrir novas que jamais poderão ser curadas.

Soldado Invernal é uma daquelas poucas sagas que te fazem ter orgulho de ser leitor de quadrinho nas últimas décadas. Depois de uma série de sagas caça-níqueis, entregaram ao bandeiroso da Marvel uma saga incrível.

Não é de hoje que antigos aliados voltam para assombrar heróis como ameaças implacáveis. O Batman tem Duas-Caras, Homem-Aranha tem o segundo Duende Verde, Hal Jordan tem a Safira Estrela e por aí vai. Até a pouco tempo, Jason Todd, o segundo Robin voltou para assombrar o Batman na pele do mercenário Capuz Vermelho.

Mas então, o que diferencia o retorno de Bucky Barnes do mundo dos mortos com as outras histórias de aliados "vira-casaca" das HQs? O impacto.

Barnes morreu nas HQs do Capitão há décadas, e permaneceu morto. Como em outras histórias de heróis, a morte do grande amigo foi um amadurecimento para o Capitão América, que teve que aprender a ser mais cauteloso e menos implacável. As suas atitudes começaram a pesar e suas escolhas mais ainda. A morte de Bucky era tão fundamental para o cânone do Capitão quanto a morte dos Wayne para o Batman, do Tio Ben para o Homem-Aranha, entre tantos outros. Ela foi o ponto de ruptura entre o "audaz defensor do ideal americano" e o subsequente soldado obstinado munido de um escudo.

Ed Brubaker e Steve Epting receberam várias críticas quando resolveram trazer Bucky dos mortos mesmo antes de lançarem seu trabalho, mas isso não os impediu de criar um novo e fundamental capítulo para o cânone do Capitão América. Afinal, o Capitão é um herói cheio de histórias incríveis em sua trajetória, e honrar isso não é fácil, mas a dupla conseguiu.

O modo como o possível retorno de Bucky como um assassino assombra Steve Rogers, e como cada um dos personagens é inserido e retirado de cena é uma sacada de mestre. Além disso, a participação de personagens como o Falcão e o Caveira Vermelha foi algo tão bem dosado que parece um roteiro de filme de espionagem. Isso, é claro, deve ter ajudado muito na produção do filme Capitão América: O Soldado Invernal.

A história é bem linear e envolvente, com um "crescendo" fantástico, e quando você acha que ela terminou por baixo, ela te entrega um mistério muito contundente que te deixa com um gosto de quero mais.

A morte de Bucky Barnes marcou a vida do Capitão América, seus ideiais e sua trajetória. Mas o seu retorno como Soldado Invernal foi o tapa na cara que o Capitão precisava para finalmente pisar no território do século XXI. Bucky Barnes voltou. E sem dúvidas, voltou pra ficar.