Os épicos bíblicos foram uma segmento cinematográfico de muito sucesso dos anos 50 ao final dos 60. Com grandes e oscarizadas produções, o estilo tinha ficado meio esquecido, mas ganhou um reforço pelas mãos do diretor Darren Aronofsy.
A sinopse: Noé (Russell Crowe) vive com a esposa Naameh (Jennifer Connelly) e os filhos Sem (Douglas Booth), Cam (Logan Lerman) e Jafé (Leo McHugh Carroll) em uma terra desolada, onde os homens perseguem e matam uns aos outros. Um dia, Noé recebe uma mensagem do Criador de que deve encontrar Matusalém (Anthony Hopkins). Durante o percurso ele acaba salvando a vida da jovem Ila (Emma Watson), que tem um ferimento grave na barriga. Ao encontrar Matusalém, Noé descobre que ele tem a tarefa de construir uma imensa arca, que abrigará os animais durante um dilúvio que acabará com a vida na Terra, de forma a que a visão do Criador possa ser, enfim, resgatada.
Para começar, é importante que não se veja Noé como um filme essencialmente bíblico. Sim, é um épico bíblico porque é inspirado em uma passagem da Bíblia, mas, sendo a passagem que o inspirou apenas um trecho do Gênesis, vários detalhes e liberdades criativas são inseridas para se preencher as mais de duas horas de duração da película. E é aí que surgem criaturas divinas, guerreiros, reis e batalhas que não estão na "Arca de Noé" da Bíblia.
Na verdade, podemos comparar mais o Noé de Aronofsky com filmes como O Senhor dos Anéis do que com A Maior História de Todos os Tempos, por exemplo. Mas essas alterações e acréscimos não devem ser vistos de maneira errada, como algo ofensivo ou que descaracterize o original. Pelo contrário. É uma versão interessante de uma história que já é contada a séculos. E Aronofsky não faz feio em sua versão.
O que incomoda em alguns momentos é justamente a intensa necessidade da ação em um material que não tem essa demanda. Por que Noé tem que lutar? Ou por que a inserção de tantos personagens? Afinal, o conflito entre o homem e o Criador diante de uma tarefa tão difícil, algo que poderia ser muito melhor explorado, ficou em segundo plano quando batalhas com monstros gigantes de pedra e guerreiros bárbaros roubam todos os holofotes. Esses recursos foram bem inseridos, sem dúvida, mas a questão aqui é se são realmente necessários.
Afinal, a história que conhecemos, acrescida do carisma de Russel Crowe como Noé já seria um bom filme. O que temos de "inovador" só viria a acrescentar, mas isso é delicado quando se trata de uma história clássica. O bom é que em nenhum momento estas alterações incomodam. Pelo contrário, ajudam a dinamizar a história, que realmente não seria tão interessante se fosse uma viagem de dias em uma embarcação em silêncio com um ou outro grunhido de um animal.
Mas sente-se falta, é claro, de uma maior precisão histórica. Se o rei Tubal-Cain é um vilão interessante e a representação de vários líderes tiranos e bárbaros da época, o mesmo não se pode dizer dos Guardiões. São personagens interessantes e com uma boa história de background, mas que mereciam talvez um filme solo. Ter na história de Noé várias criaturas de pedra ajudando-o a construir a arca tira todo o encanto de se ver o esforço de um homem tentando servir ao seu criador, e o sacrifício que ele e seus filhos fazem para que a arca seja construída no prazo. Com um grupo de transformers divinos de pedra, não é tão difícil assim.
Temos que ressaltar é claro, a atuação excelente de Crowe e Connelly, junto à atuação de Anthony Hopkins. Todos incríveis. Ray Winstone também tem uma atuação sensacional e o resto do elenco não faz feio.
Noé é um bom filme. Tem um grande diretor, um elenco impecável, e é inspirado em uma passagem muito interessante da Bíblia. O que realmente peca aqui é a falta de iniciativa de se fazer um filme essencialmente bíblico, e falta de coragem para se fazer um filme essencialmente mitológico. O resultado é um interessante, porém confuso, épico bíblico. Mais épico do que bíblico, diga-se de passagem.
Eu assisti e gostei. Eu acho que faltou um pouco mais de emoção. A intenção de misturar um pouco da realidade bíblica com fatos históricos da época e a fantasia da ficção, deram um bom ritmo às cenas mais fortes. Mas ficou um vazio, que eu não se bem dizer onde, mas as atuações deram grande peso à dramaturgia e o filme tem uma fotografia maravilhosa...Quero ver de novo...(Bete Santos)
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